Ao lado de Blinken, presidente dominicano diz que deseja 'normalizar' relações com Haiti
O presidente da República Dominicana, Luis Abinader, disse nesta sexta-feira (6) que tem a intenção de "normalizar" as relações com o Haiti, após discutir o tema com o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, que realiza uma visita a Santo Domingo.
"Conversamos sobre a situação do Haiti e também sobre os desafios que enfrentamos, e nossa intenção é tentar normalizar na medida do possível, mas sempre respeitando a segurança dos dominicanos. A prioridade para nós como governo é a segurança dos dominicanos", disse Abinader em uma declaração à imprensa ao lado de Blinken.
A República Dominicana e o Haiti compartilham a ilha Hispaniola, mas a fronteira de 340 km entre os dois países foi restringida por Santo Domingo há um ano em retaliação pela construção de um canal para desviar água de um rio compartilhado. Atualmente, apenas o comércio de bens essenciais é permitido.
Os voos entre os dois países também estão suspensos.
"Graças ao esforço dos Estados Unidos, temos uma força de paz no Haiti. À medida em que eles (Haiti) puderem avançar em sua segurança interna, também poderemos avançar na normalização das relações, como a abertura das viagens", acrescentou Abinader.
O Haiti tem sido um tema central na agenda de Abinader. O presidente afirmou em várias ocasiões que seu país não pode continuar assumindo a crise dos vizinhos e endureceu as políticas migratórias com a construção de um muro de 174 quilômetros na fronteira, o qual pretende ampliar enquanto continua com as deportações de haitianos.
Duzentos e cinquenta mil haitianos foram deportados somente em 2023, o que levou a Anistia Internacional a acusar a República Dominicana de racismo.
A crise haitiana "tem consequências e repercussões em todo o hemisfério, começando pela República Dominicana e pelos Estados Unidos, por isso temos todo o interesse em ajudar o Haiti a sair dessa situação", disse Blinken.
O secretário de Estado americano também elogiou Abinader, destacando que o presidente teve uma "liderança real" na luta contra a corrupção e na gestão pública.
Abinader e Blinken também conversaram sobre a próxima Cúpula das Américas, que será realizada no próximo ano na República Dominicana.
(R.Dupont--LPdF)