Ministro Silvio Almeida é exonerado após denúncias de assédio sexual
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva exonerou nesta sexta-feira (6) o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, acusado por várias mulheres de assédio sexual, um escândalo que abalou o governo nas últimas horas.
"Diante das graves denúncias contra o ministro Silvio Almeida, e depois de convocá-lo para uma conversa no Palácio do Planalto, o presidente Lula decidiu pela demissão do titular da pasta de Direitos Humanos e Cidadania", informou a Presidência. "O presidente considera insustentável a manutenção do ministro no cargo, considerando a natureza das acusações de assédio sexual."
A primeira polêmica desse tipo envolvendo um membro do governo Lula desde o seu retorno ao poder em 2023 estourou ontem, quando o portal Metrópoles revelou que a ONG Me Too Brasil havia recebido denúncias de várias mulheres, incluindo a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. A Me Too Brasil confirmou a publicação e esclareceu que as mulheres envolvidas receberam "apoio psicológico e jurídico".
A Polícia Federal (PF) anunciou nesta sexta-feira que investigará as denúncias, enquanto a Comissão de Ética da Presidência iniciou ontem um procedimento preliminar para esclarecer as acusações.
- 'Não vai ficar no governo' -
Antes de anunciar a demissão de Silvio Almeida, um advogado e professor universitário de 48 anos, Lula disse que se reuniria nesta sexta-feira em Brasília com ele e com Anielle antes de tomar uma decisão sobre a continuidade do chefe da pasta de Direitos Humanos.
Em suas primeiras declarações sobre o tema, o presidente afirmou hoje que "alguém que pratica assédio não vai ficar no governo", embora tenha ressaltado que sua administração deve garantir a presunção de inocência.
O governo reconheceu ontem a "gravidade" dos fatos atribuídos ao agora ex-ministro e garantiu que "o caso é tratado com o rigor e a celeridade exigidos em situações de possível violência contra a mulher".
Considerado um dos principais intelectuais do país, Silvio Almeida negou as acusações em vídeo publicado nas redes sociais, ao classificá-las de "mentiras". Ele denunciou uma "campanha" para "afetar" a sua "imagem enquanto homem negro em posição de destaque no poder público".
Sua mulher, Edneia Carvalho, com quem ele tem uma filha de 1 ano, chamou as suspeitas contra o marido de "injustas" e "absurdas", em publicação no Instagram.
A ministra de Igualdade Racial, Anielle Franco, não se pronunciou até o momento sobre o caso. À frente desse ministério criado por Lula em seu terceiro mandato, ela é irmã de Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro assassinada em 2018, um crime que indignou o mundo.
Em junho, a PF recomendou a acusação de Juscelino Filho, ministro das Comunicações de Lula, por corrupção e associação criminosa. Filho alega inocência e, até o momento, não foi afastado do governo.
(C.Fournier--LPdF)