Novos bombardeios em Gaza enquanto guerra entre Israel e Hamas completa 11 meses
A guerra entre Israel e o Hamas em Gaza completa 11 meses neste sábado (7), sem sinais de um acordo de trégua, que permitiria o fim dos bombardeios israelenses e a libertação dos reféns sob poder do movimento islamista palestino.
Os países mediadores, Estados Unidos, Catar e Egito, tentam obter há vários meses um cessar-fogo na Faixa de Gaza. Mas as possibilidades de acordo diminuíram nas últimas semanas porque as partes não cedem em suas posições.
O Hamas, que governa Gaza e cujo ataque de 7 de outubro no sul de Israel desencadeou a guerra, exige que a retirada completa do Exército israelense do território palestino.
Mas o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, insiste que as tropas do país devem permanecer no "corredor Filadélfia", na fronteira entre Gaza e Egito.
"Onze meses. Chega. Ninguém aguenta isto por mais tempo. A humanidade deve prevalecer. Cessar-fogo agora", escreveu na rede social X o diretor da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), Philippe Lazzarini.
A pressão internacional pelo fim da guerra aumentou na sexta-feira, após a morte de uma ativista turco-americana na Cisjordânia ocupada.
Aysenur Ezgi Eygi, 26 anos, morreu ao ser atingida por tiros das forças israelenses quando participava em um protesto contra a colonização judaica em Beita, perto de Nablus, no norte do território palestino ocupado por Israel desde 1967.
"Aysenur defendia pacificamente a justiça quando foi assassinada a tiros", lamentou a família da jovem em um comunicado, no qual também exigem uma "investigação independente".
As forças israelenses iniciaram em 28 de agosto uma operação em larga escala na Cisjordânia, donde a violência aumentou desde o início da guerra em Gaza.
- "Não sabemos para onde ir" -
O conflito em Gaza começou em 7 de outubro, quando um ataque de combatentes do Hamas em Israel deixou 1.205 mortos, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em números oficiais israelenses.
Além disso, os milicianos islamistas sequestraram 251 pessoas, das quais 97 continuam em cativeiro em Gaza e 33 morreram, segundo o Exército israelense.
Em resposta ao ataque, Israel prometeu destruir o Hamas e iniciou uma vasta ofensiva de represália com bombardeios que já causou 40.939 mortes no território palestino, segundo o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza.
Israel, Estados Unidos e União Europeia consideram o Hamas uma organização "terrorista".
A guerra em Gaza devastou o território estreito cercado por Israel e sua população, de 2,4 milhões de habitantes antes do conflito, enfrenta uma crise humanitária sem precedentes.
Vários bombardeios atingiram o território palestino neste sábado, matando pelo menos 17 pessoas, segundo a Defesa Civil de Gaza e testemunhas.
No norte da Cidade de Gaza, três pessoas morreram e 20 ficaram feridas em um bombardeio israelense que atingiu uma sala de oração e a sala de aula de uma escola usada como abrigo por deslocados, informou Mahmud Masal, porta-voz da Defesa Civil.
O Exército israelense afirmou que lançou um "bombardeio de precisão" contra a escola, alegando que o edifício era utilizado por combatentes.
Uma multidão se reuniu do lado de fora da escola após o ataque para remover os escombros enquanto os socorristas tentavam ajudar os feridos, mostraram imagens da AFPTV.
Abd Arooq, um palestino deslocado, indicou que a escola era usada como abrigo por cerca de 2.000 pessoas.
"Não sabemos para onde ir. Estamos na rua", contou. "Já não se respeita a santidade das mesquitas, das escolas ou das casas em que vivemos."
Em Jabaliya, uma tenda instalada na escola Halima Al-Saadiya foi atingida por um bombardeio, relataram testemunhas.
No sul do Líbano, continuaram os confrontos de artilharia entre Israel e o movimento islamista libanês Hezbollah, aliado do Hamas.
O Hezbollah reivindicou ter atacado duas bases israelenses perto da fronteira com foguetes Katyusha.
A Agência Nacional de Notícias do Líbano relatou que Israel lançou vários bombardeios no sul do país e o Ministério da Saúde informou que três socorristas que estavam apagando um incêndio morreram e dois ficaram feridos.
(V.Castillon--LPdF)