Le Pays De France - Partido no poder no Japão escolhe próximo premiê

Paris -
Partido no poder no Japão escolhe próximo premiê
Partido no poder no Japão escolhe próximo premiê / foto: © POOL/AFP

Partido no poder no Japão escolhe próximo premiê

O partido governante do Japão escolherá nesta sexta-feira (27) o próximo líder do país, com três grandes favoritos: o filho surfista de um ex-primeiro-ministro, um popular ex-ministro da Defesa e uma nacionalista que seria a primeira mulher a liderar o arquipélago.

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Até nove candidatos se apresentaram para assumir as rédeas do conservador Partido Liberal Democrático (PLD), no governo japonês de forma quase ininterrupta há décadas e abalado neste ano por um escândalo de financiamento irregular.

Como a formação dispõe de maioria absoluta no Parlamento, o vencedor desta eleição interna também deverá assumir o posto de primeiro-ministro que será deixado vago por Fumio Kishida.

É provável que, uma vez no poder, o novo ou nova líder convoque eleições antecipadas para impulsionar seu mandato e deixar para trás a queda de popularidade de Kishida e do partido.

As pesquisas apontam para uma disputa acirrada entre o ex-ministro da Defesa Shigeru Ishiba; Shinjiro Koizumi, de 43 anos e filho de um primeiro-ministro dos anos 2000, e a ministra de Segurança Econômica, a nacionalista Sanae Takaichi.

"Esta é a eleição no PLD mais imprevisível em muitos anos", afirma Jeffrey J. Hall, professor da Universidade Kanda de Estudos Internacionais, à AFP.

O vencedor terá que lidar com as ameaças à segurança regional, com uma China cada vez mais firme em sua política externa e mais próxima da Rússia, além dos frequentes testes de mísseis da Coreia do Norte.

No âmbito doméstico, o novo líder terá que reativar a economia e atenuar os efeitos da inflação nos lares e da queda do iene, que encareceu as importações.

Os presidentes do PLD ocupam o cargo por três anos e podem acumular até três mandatos consecutivos.

Muito impopular devido aos problemas econômicos da população e aos escândalos de corrupção em seu partido, Kishida anunciou semanas atrás que não concorreria à reeleição.

Na votação, participam os deputados e os altos cargos do partido. Dada a igualdade apontada pelas pesquisas, é provável que ocorra um segundo turno entre os dois candidatos mais votados, cujo resultado será anunciado à tarde.

- Crise demográfica -

O ex-ministro da Defesa Ishiba, de 67 anos, quase alcançou o cargo em 2012, mas perdeu para Shinzo Abe, que se tornaria o primeiro-ministro mais longevo no cargo, assassinado em 2022, dois anos após deixar o poder.

Aficionado por maquetes militares, este veterano político é muito popular entre os eleitores, mas nem tanto dentro do partido, e fez da crise demográfica uma de suas prioridades na campanha.

"A população do Japão diminuirá abruptamente daqui para frente. A menos que tomemos ações drásticas, a economia não crescerá", disse ele nesta semana.

A ministra Takaichi, próxima ao falecido Abe, é um dos poucos casos de uma mulher que se destaca na política patriarcal japonesa.

A política de 63 anos é uma visitante habitual do santuário xintoísta de Yasukuni, que homenageia os soldados japoneses mortos, incluindo vários criminosos de guerra.

Uma vitória sua provavelmente causaria tensões com Pequim e Seul, onde ainda ressoam as atrocidades cometidas pelas tropas japonesas antes e durante a Segunda Guerra Mundial.

- "A ideia de rejuvenescimento" -

E, enquanto Takaichi aspira ser a primeira mulher a liderar o Japão, o ex-ministro do Meio Ambiente e entusiasta do surfe Koizumi deseja ser seu líder mais jovem.

Koizumi "é quem melhor personifica a ideia de rejuvenescimento e mudança no PLD", aponta Yu Uchiyama, professor de ciência política da Universidade de Tóquio.

No entanto, seus adversários criticam precisamente sua falta de experiência, e os eleitores tradicionais do PLD podem vê-lo como um líder ainda instável, acrescenta o especialista.

Quem vencer a votação de sexta-feira será formalmente escolhido pelo Parlamento no dia 1º de outubro.

O PLD tem governado o Japão de forma quase ininterrupta durante décadas, período no qual os principais partidos de oposição raramente foram considerados alternativas viáveis pelos eleitores.

(V.Castillon--LPdF)