Oposição pró-Europa reivindica vitória nas legislativas da Geórgia
A oposição pró-Europa reivindicou a vitória nas eleições legislativas cruciais deste sábado (26) na Geórgia, o que afastaria do poder o partido governista Sonho Georgiano, acusado de tendência autoritária e pró-Rússia.
"O Sonho Georgiano perdeu, o povo georgiano e a Europa venceram", declarou Tina Bokushava, líder do Movimento Nacional Unido, um dos partidos da coalizão opositora, integrada por quatro legendas que defendem a adesão do país à União Europeia (UE).
A presidente do país, Salome Zourabishvili, afirmou que a aliança pró-Europa venceu "com 52% dos votos, apesar das tentativas de manipulação".
As pesquisas de boca de urna, no entanto, apresentam resultados contraditórios.
Uma pesquisa do instituto americano Edison Research para um canal de televisão favorável à oposição indica que a aliança pró-Europa recebeu 51,9% dos votos, contra 40,9% do Sonho Georgiano, liderado pelo magnata Bidzina Ivanishvili
Uma pesquisa de boca de urna do canal Imedi, ligado ao governo, indica que o Sonho Georgiano obteve 56,1% dos votos, contra 35,2% da oposição.
O primeiro-ministro da Hungria, o nacionalista Viktor Orban, "felicitou" o Sonho Georgiano por sua "vitória esmagadora" nas eleições, garantindo que "os habitantes da Geórgia sabem o que é melhor para o seu país".
A UE alertou que o resultado da votação para renovar as 150 cadeiras do Parlamento influenciará as chances de adesão da Geórgia ao bloco, um objetivo que está na Constituição da ex-república soviética do Cáucaso, que tem quase quatro milhões de habitantes.
Geralmente divididas, as forças de oposição conseguiram estabelecer uma frente inédita contra o governo, formada, entre outros, pelo Movimento Nacional Unido do ex-presidente detido Mikheil Saakashvili.
Em caso de vitória, a aliança da oposição promete aprovar reformas eleitorais e judiciais, além de revogar diversas leis promulgadas recentemente.
A intenção é formar um governo de coalizão, aprovar as reformas e organizar novas eleições no prazo de um ano para conhecer a vontade dos cidadãos.
A presidente do país, Salome Zourabishvili, denunciou incidentes violentos em alguns locais de votação, após a divulgação nas redes sociais de imagens que mostram brigas.
O Sonho Georgiano, no poder desde 2012, é acusado de entrar em uma espiral rumo à implementação de um regime autoritário pró-Rússia que se distancia da UE e da Otan.
Alguns dirigentes do partido são muito críticos em relação ao Ocidente. Seu líder nas sombras, Bidzina Ivanishvili, afirma que as outras nações tratam a Geórgia como "bucha de canhão".
O país às margens do Mar Negro está ainda muito marcado pela invasão russa em uma guerra rápida em 2008, depois da qual Moscou instalou bases militares em duas regiões separatistas georgianas, Abkhazia e Ossétia do Sul, que reconheceu como Estados independentes.
O partido governante fez campanha com base no lema de que é o único capaz de impedir uma suposta "ucranização" da Geórgia.
O governo deseja obter 75% das cadeiras do Parlamento, uma ampla maioria que permitiria mudar a Constituição e proibir os partidos opositores pró-Ocidente.
A Geórgia foi abalada em maio por grandes manifestações da oposição contra uma lei sobre "influência estrangeira" inspirada na legislação russa utilizada para reprimir a dissidência.
Bruxelas congelou o processo de adesão do país à UE e o governo dos Estados Unidos adotou sanções contra autoridades georgianas acusadas de autorizar uma "repressão brutal" contra os manifestantes.
O foco mais recente de tensão entre Bruxelas e Tbilissi foi a promulgação, no início do mês, de uma lei que restringe severamente os direitos das pessoas LGBTQIA+.
(F.Moulin--LPdF)