Zelensky alerta que fazer concessões à Rússia seria 'inaceitável' para a Europa
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, alertou nesta quinta-feira (7) que fazer concessões à Rússia seria "inaceitável" para a Europa, pouco depois de Moscou ter instado as potências ocidentais a negociar sob pena da "destruição do povo ucraniano".
O presidente ucraniano fez um apelo aos Estados Unidos e aos aliados europeus para que sejam "fortes" e "valorizem" seu relacionamento, mesmo que a eleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos lance uma sombra de incerteza sobre a relação entre estes aliados e seu apoio à Ucrânia.
"Falou-se muito sobre a necessidade de ceder diante de [Vladimir] Putin, de recuar, de fazer algumas concessões. Isso é inaceitável para a Ucrânia e inaceitável para toda a Europa", declarou Zelensky em um discurso diante de líderes europeus reunidos em Budapeste.
Mais de dois anos e meio após o início da invasão russa da Ucrânia, Moscou está em uma posição de força no front leste, onde seu Exército avança cada vez mais rápido contra tropas ucranianas, menores e menos equipadas.
O retorno de Trump à Casa Branca aumenta os temores na Ucrânia e entre os europeus de que os EUA retirem seu apoio nos próximos meses.
"Falei com [o presidente eleito] Trump [...] foi uma boa conversa produtiva, mas não podemos dizer quais ações específicas ele tomará", declarou Zelensky.
O mandatário ucraniano também lembrou que as forças russas receberam, segundo Kiev e as potências ocidentais, um reforço de pelo menos 10 mil soldados norte-coreanos.
Zelensky viajou para a Hungria para uma reunião com líderes europeus, onde disse que os laços com os Estados Unidos e a Europa não devem ser "perdidos" após a vitória do republicano.
- "Destruição do povo" -
Poucas horas antes, o chefe do Conselho de Segurança russo e ex-ministro da Defesa, Serguei Shoigu, instou as potências ocidentais, em tom ameaçador, a iniciarem negociações favoráveis a Moscou.
"A situação no cenário das hostilidades não favorece o regime de Kiev. O Ocidente pode escolher: continuar o financiamento [à Ucrânia] e a destruição do povo ucraniano ou admitir a realidade existente e começar a negociar", declarou.
Para Kiev, é importante que o Ocidente continue apoiando a Ucrânia, sobretudo após Trump ter criticado repetidamente a magnitude desta ajuda durante sua campanha eleitoral.
A decisão está agora com os americanos, considerou o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, nesta quinta-feira.
"Veremos se há propostas" da nova administração, declarou.
A Rússia pede que a Ucrânia entregue suas armas, ceda cinco regiões e renuncie à sua aliança com as potências ocidentais, assim como sua ambição de integrar a Otan, condições que Kiev considera inaceitáveis.
Tanto os EUA, principal aliado político e militar de Kiev, como os países europeus garantiram seu apoio à Ucrânia, mas recusam-se a permitir que esta utilize armas de longo alcance que fornecem para atacar o território russo, por temor de uma escalada.
- Novo ataque em Kiev -
Enquanto isso, a Rússia continua seus bombardeios diários à Ucrânia.
Na madrugada desta quinta-feira, Kiev foi alvo de um novo ataque "maciço" de drones russos, indicou a administração militar da capital ucraniana, acrescentando que a defesa antiaérea destruiu "mais de trinta" destes dispositivos que sobrevoavam a cidade e suas periferias.
Partes de drones caíram em seis dos 10 distritos de Kiev e deixaram dois feridos, cujas vidas não estão em perigo, completou.
Até o momento, a Ucrânia tem conseguido resistir à agressão russa e repelir parcialmente estes bombardeios sistemáticos, graças à ajuda ocidental.
Contudo, no último ano, o Exército ucraniano, confrontado por tropas russas maiores e melhor equipadas, recuou e a perda de território se acelerou nas últimas semanas.
(R.Dupont--LPdF)