Acordo político rompe bloqueio para aprovar nova composição da Comissão Europeia
Os três maiores blocos políticos do Parlamento Europeu chegaram a um acordo nesta quarta-feira (20) que abre caminho para a aprovação da composição da nova Comissão Europeia, o órgão executivo da UE, incluindo a espanhola Teresa Ribera como primeira vice-presidente.
O acordo foi alcançado pelos blocos do Partido Popular Europeu (PPE, direita), Socialistas e Democratas (S&D, centro esquerda) e Renew (liberais centristas), que formam o pilar central das principais decisões do Parlamento Europeu.
A nomeação de Ribera foi contestada pelo Partido Popular Espanhol (PP, direita), em uma posição que foi acompanhada pela maioria do PPE, bloqueando assim a aprovação de seu nome.
Enquanto isso, o S&D e o Renew se opuseram à nomeação do italiano Raffaele Fitto, do partido italiano de extrema direita Irmãos da Itália, como outro dos vice-presidentes da Comissão.
As audiências dos indicados para compor a Comissão Europeia começaram em 4 de novembro e, inicialmente, os blocos seguiram a tradição de não bloquear nomes defendidos por partidos aliados.
Entretanto, esse entendimento foi quebrado durante a audiência de Ribera, cuja renúncia foi exigida pelo PP espanhol por seu desempenho como ministra da Transição Ecológica durante o desastre das enchentes que devastaram a região de Valência.
O PPE apoiou as exigências de seu aliado espanhol e exigiu que os social-democratas retirassem suas objeções à aprovação de Fitto para dar luz verde a Ribera.
Os social-democratas e os liberais também questionaram a nomeação do húngaro Oliver Varhelyi, um aliado do primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban.
Assim, uma disputa política interna espanhola cresceu e ameaçou a aprovação da nova Comissão Europeia.
- Impasse político generalizado -
A gravidade da situação motivou a intervenção da própria presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, cuja candidatura havia sido lançada pelo PPE e recebeu os votos favoráveis do S&D e do Renew.
Com o acordo desta quarta-feira, Ribera será aprovada como vice-presidente-executiva da Comissão e comissária europeia para Transição Limpa e Concorrência, e Fitto como Vice-presidente e Comissário Europeu para Coesão e Reformas.
A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, disse que a confirmação de Fito está "à altura" do papel da Itália "como país fundador da UE, o segundo maior fabricante na Europa e a terceira economia do continente".
Também foram aprovados como vice-presidentes Kaja Kallas, da Estônia, como chefe da diplomacia do bloco, Roxana Minzatu, da Bulgária (Empoderamento da População), Stéphane Séjourné, da França (Estratégia Industrial) e Henna Virkkunen, da Finlândia (Soberania Tecnológica).
Varhelyi, por sua vez, seria aprovado como Comissário Europeu para Saúde e Bem-Estar Animal.
No acordo, ao qual a AFP teve acesso, os três grandes grupos do Parlamento Europeu prometeram "trabalhar juntos" de forma "construtiva" e defender os "valores" europeus na Eurocâmara.
Também se comprometeram a "cooperar" em uma série de temas, como o incentivo à concorrência e as capacidades de defesa do bloco.
Antes do pacto, Ribera teve que comparecer ao Congresso espanhol, onde defendeu as ações das agências governamentais no desastre de Valência.
Ribera defendeu o trabalho de duas entidades ligadas ao seu Ministério, a agência meteorológica estatal (Aemet) e a Confederação Hidrográfica do (rio) Júcar, que emitiram avisos e alertas antes e durante a tragédia que deixou 227 mortos.
Desta forma, o acordo selado por PPE, S&D e Renew abre caminho para a aprovação de todos os candidatos às seis vice-presidências da Comissão Europeia e abre caminho para a ratificação de todo o pacote.
O Parlamento Europeu deverá realizar uma sessão plenária no dia 27 de novembro em sua sede em Estrasburgo, na França, para votar a aprovação da nova Comissão.
(H.Leroy--LPdF)