Milhares protestam na Bolívia para exigir soluções para a crise econômica
Cerca de 10 mil pessoas marcharam, nesta quinta-feira (21), em La Paz, para protestar contra a crise econômica, a escassez de dólares e de combustível, e instaram o governo de Luis Arce a tomar medidas.
Artesãos, comerciantes, profissionais da saúde, motoristas, donas de casa e moradores caminharam durante horas pelas ruas e avenidas centrais da cidade com bandeiras bolivianas.
Alguns carregavam panelas e utensílios de cozinha em uma espécie de "panelaço". "Por culpa do governo, estamos nas ruas!", gritavam.
A manifestação interrompeu o tráfego de veículos no centro de La Paz, onde está localizado o coração da administração pública, bancária e empresarial.
"Pedimos ao governo uma solução rápida devido à escassez de alimentos (…), de gasolina, de petróleo. Não há dólares no nosso país", disse Brígida Flores, uma florista de 51 anos.
A falta de moedas é a principal causa da crise econômica que afeta o país desde o ano passado.
As reservas nacionais, que o governo utiliza para subsidiar os combustíveis, estão se esgotando devido à queda das exportações, especialmente do gás. Para 2024, o governo orçou 1,4 bilhão de dólares (8,1 bilhões de reais na cotação atual) para estes subsídios.
O valor oficial do dólar é de 6,96 bolivianos, mas agora só é encontrado no mercado clandestino pelo dobro.
"O dinheiro não serve mais para nada. Vamos ao mercado e as nossas sacolas não ficam cheias. As nossas panelas estão vazias. Não temos comida para os nossos filhos", lamentou Irma Callizaya, uma artesã de 62 anos, durante a manifestação.
A inflação na Bolívia também superou as previsões oficiais. Entre janeiro e outubro foi registrado um aumento de preços de 7,26%, quando a projeção para 2024 era de 3,5%. A inflação acumulada em doze meses foi de 7,94% em outubro.
Foi também convocado um "conselho popular", onde líderes de vários setores produtivos e sociais decidiram, com a aprovação dos manifestantes presentes, estabelecer condições para o governo Arce.
Deram-lhe um prazo de 15 dias para tomar medidas que evitem o aumento da cesta básica, para garantir o abastecimento de combustível e para garantir o acesso à compra de dólares pelo valor oficial.
Concederam o mesmo prazo à Assembleia Legislativa para que aprove créditos para aliviar a crise econômica.
"Se (...) ele não assumir a sua responsabilidade dentro do prazo, exigiríamos o fechamento do Parlamento", disse Jorge Paredes, presidente das associações dos bairros de La Paz.
(V.Castillon--LPdF)