Guiana protesta contra ponte militar da Venezuela perto de região disputada
A Guiana protestou, nesta sexta-feira (20), contra a construção de uma ponte militar venezuelana perto da fronteira com a região de Essequibo, um território rico em petróleo disputado por ambos os países há mais de um século.
A ponte foi construída entre a localidade venezuelana de San Martín de Turumbán e a ilha fluvial de Anacoco, da qual a Guiana reivindica uma parte e onde há uma base militar do Exército da Venezuela.
A estrutura foi inaugurada na véspera pelas autoridades venezuelanas, que reafirmaram sua "soberania" sobre o Essequibo.
"A Guiana [...] registrou seu protesto formal pela finalização de uma ponte construída pelas Forças Armadas venezuelanas ligando o território continental venezuelano à ilha de Anacoco, especificamente à base militar que está situada na parte da ilha que pertence à Guiana", disse o Ministério das Relações Exteriores em comunicado, depois que, na véspera, convocou o embaixador venezuelano Carlos Pérez.
O Essequibo tem 160.000 km² de extensão e é rico em petróleo e minerais. É administrado pela Guiana, embora a Venezuela reivindique a soberania sobre o território com base nos limites traçados quando ainda era colônia da Espanha.
A controvérsia dura mais de um século, mas, em 2023, a tensão chegou ao ponto de despertar um temor na região de um possível conflito armado. A Guiana havia licitado poços em águas em disputa, e o governo venezuelano respondeu com a convocação de um referendo na Venezuela para reafirmar sua soberania sobre o território.
À época, a força armada venezuelana (FANB) realizou também melhorias na base de Anacoco, situada sobre o rio Cuyuní, que separa o território venezuelano da região em disputa.
"Estamos fazendo isso para reafirmar nossa soberania neste território", disse o ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino López, em um vídeo no Instagram, no qual é possível observar a ponte totalmente construída sobre o rio Cuyuní.
"Vemos aqui a ponte para a comunicação, vemos ambulatórios, vemos escolas", acrescentou.
A disputa se acentuou em 2015, depois da descoberta de poços de petróleo e, desde então, as tensões tiveram altos e baixos.
Em 2018, a Guiana recorreu à Corte Internacional de Justiça (CIJ) para que ratifique um laudo de 1899 que estabeleceu as fronteiras atuais e que a Venezuela rejeita, amparado no Acordo de Genebra de 1966, que firmou com o Reino Unido antes da independência guianense e que anulava a decisão anterior, estabelecendo bases para uma solução negociada.
(M.LaRue--LPdF)